31/05/2016
Cuidado: alguns remédios para pressão alta oferecem risco à visão
De acordo com estudo publicado no jornal da American Academy of Ophthalmology,
pode haver uma conexão entre a ingestão de vasodilatadores e o
desenvolvimento de degeneração macular relacionada à idade (DMRI) – que é
uma das causas mais comuns da perda de visão na terceira idade. Além do
fator envelhecimento, outras causas para a doença incluem
hereditariedade e fumo.
Para
esclarecer melhor a relação entre esse tipo de degeneração macular e os
medicamentos usados para controlar a pressão sanguínea, pesquisadores
da Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos, conduziram um vasto
estudo entre 1988 e 2013, analisando cinco mil moradores com idade entre
43 e 86 anos de uma determinada localidade (Beaver Dam). Como
resultado, vasodilatadores como Apresolina e Loniten foram
associados a um risco 72% maior de desenvolver DMRI em estágio inicial –
contra apenas 8,2% daqueles que não estavam tomando nenhum desses
medicamentos.
Enquanto
esse estudo estima os riscos de uma associação entre remédios para
baixar a pressão e o desenvolvimento de DMRI em vários estágios, os
pesquisadores alertam que o objetivo não é analisar os efeitos dessas
medicações nem as condições que levaram os pacientes a tomar esses
medicamentos. De acordo com o médico Ronald Klein, coordenador do
estudo, o objetivo não é mudar a medicação de ninguém. “Mais pesquisas
são necessárias para determinar as causas desse aumento no risco de
desenvolver degeneração macular”.
De acordo com Renato Neves, oftalmologista e diretor-presidente do Eye Care Hospital de Olhos,
em São Paulo, na última década houve grande avanço no tratamento de
doenças vasculares da retina, principalmente no que se refere à
degeneração macular relacionada à idade (DMRI). Entre os tratamentos
mais recentes em Oftalmologia estão as ‘injeções intravítreas de
antiangiogênicos’ – que já receberam aprovação da Anvisa (Agência
Nacional de Vigilância Sanitária). “O principal papel dos
antiangiogênicos é a interrupção da perda de visão. Embora nem todo
paciente possa recuperar a visão perdida, as injeções intravítreas
impedem a progressão da doença, evitando que a pessoa acabe ficando
cega. Com anestesia local e pupilas dilatadas, a injeção é aplicada
diretamente no vítreo, camada gelatinosa localizada entre a retina e o
cristalino”.
Para
alcançar resultados duradouros, o especialista afirma que é fundamental
repetir o procedimento em intervalos regulares. O paciente também deve
fazer a sua parte, usando colírios antibióticos durante o tempo
recomendado pelo oftalmologista – em média, trinta dias. “Ensaios
clínicos demonstram que a aplicação de antiangiogênicos melhora em até
34% a visão central e estabiliza a visão em 90% dos casos. Por isso é
considerado um método altamente eficaz”.
A
efetividade das injeções de antiangiogênicos foi primeiramente
percebida no tratamento da DMRI do tipo exsudativo (com secreção). A
doença atinge 30% da população com mais de 75 anos e está estreitamente
associada a fatores como predisposição genética, hipertensão, exposição
aos raios ultravioleta, obesidade, consumo excessivo de gorduras
vegetais e dietas pobres em frutas, verduras e zinco. Fumantes ativos e
passivos também estão mais sujeitos a manifestar essa alteração. Diante
de importantes resultados, o uso das injeções intravítreas se estendeu
para o tratamento de outras doenças vasculares da retina, como a
retinopatia diabética.
Fontes: Prof. Dr. Renato Augusto Neves, médico oftalmologista e diretor-presidente do Eye Care Hospital de Olhos, em São Paulo/SP – www.eyecare.com.br
PressPágina