As
dúvidas sobre as lentes de contato são sempre recorrentes. Mas, para
quem deseja usá-las pela primeira vez, os questionamentos são ainda
maiores. Por quanto tempo o indivíduo pode ficar com a lente? Só é
possível higienizar as lentes com soro fisiológico? Elas são
desconfortáveis? As lentes podem entrar nos olhos sem que seja possível
retirá-las? Como a maquiagem pode interferir no uso das lentes? Para
esclarecer estas e outras questões, o oftalmologista Richard Yudi Hida, desvenda abaixo alguns dos mitos e verdades sobre o tema.
LENTES DE CONTATO NÃO ATENDEM APENAS A UMA QUESTÃO ESTÉTICA.
VERDADE. Quando
se trata de corrigir a visão, as lentes de contato, além de serem muito
eficazes, também proporcionam ao indivíduo maior liberdade de movimento
e conforto. Elas também tiram os reflexos e distorções da periferia das lentes dos óculos. Em algumas doenças oculares e casos específicos, existe sim, uma necessidade não estética do uso das lentes de contato.
PESSOAS COM ASTIGMATISMO NÃO PODEM USAR LENTES DE CONTATO.
MITO. Atualmente
as lentes podem corrigir miopia, hipermetropia, astigmatismo e a
presbiopia (vista cansada). Para os indivíduos que sofrem de
astigmatismo, existe uma tecnologia de estabilização de rotação da lente
de contato, que
permite que as lentes se mantenham estáveis e no lugar. Estas lentes de
contato que corrigem o astigmatismo chamam-se lentes tóricas. Consulte
seu oftalmologista para ver se existe mesmo a necessidade dessa
correção.
DORMIR COM LENTES DE CONTATO PODE PREJUDICAR A SAÚDE DOS OLHOS
VERDADE. Apesar
de alguns fabricantes sugerirem o uso contínuo, dormir com as lentes de
contato pode ser altamente perigoso para a saúde ocular, principalmente
pelo alto risco de infecções por vírus, bactérias, fungos ou amebas.
Portanto, antes dormir, retire, higienize e guarde as lentes, de acordo
com a orientação do seu médico oftalmologista. Também pergunte ao
oftalmologista quantas horas por dia são recomendadas para você ficar
com as lentes de contato. Isso pode variar de acordo com o paciente e o
tipo de lente adotado.
O SORO FISIOLÓGICO É A MELHOR MANEIRA DE HIGIENIZAR AS LENTES DE CONTATO
MITO. Existem
soluções específicas para este fim, que contêm substâncias capazes de
conservar as lentes, remover as impurezas da superfície, além de possuir
em suas fórmulas agentes antimicrobianos, que complementam o processo
de limpeza. A solução do soro fisiológico apenas hidrata as lentes de
contato, deixando que as impurezas e agentes microbianos permaneçam na
lente de contato. Além disso, o frasco do soro fisiológico é um objeto
que possui um alto risco de contaminação, podendo levar até a cegueira
caso esta solução contaminada entre em contato com os olhos através das
lentes de contato.
SENTIR DESCONFORTO NO USO DE LENTES DE CONTATO DURANTE A GRAVIDEZ É COMUM
VERDADE.
A lágrima tem um papel importante no conforto do usuário de lentes de
contato. Durante a gestação, observam-se modificações na composição da
lágrima, havendo um desequilíbrio na produção de gordura e de água. Este
desequilíbrio pode interferir no conforto ocular, desencadeando
sintomas como sensação de olho seco, menor tolerância ao uso das lentes
de contato e embaçamento visual. Mas essa intolerância nem sempre está
relacionada à gravidez. É de extrema importância realizar uma avaliação
oftalmológica durante a gravidez para ter certeza que o uso das lentes
de contato não cause danos permanentes para os olhos.
TODOS OS INDIVÍDUOS PODEM USAR LENTES DE CONTATO
MITO. Existe
uma série de fatores que sugerem que o uso da lente não seja
recomendado em alguns pacientes, dentre eles, indivíduos com dificuldade
de manuseio, higiene não controlada e pessoas que possivelmente possam
dormir com as lentes. Além disso, a córnea de cada indivíduo têm
curvaturas diferentes, assim como a lente de contato, que também
apresenta uma curvatura que precisa se adaptar à córnea do paciente.
Toda pessoa que pretende usar lentes de contato, deve realizar uma
avaliação oftalmológica com seu médico para medir a curvatura da córnea,
fazer a avaliação do movimento das lentes de contato utilizando
aparelhos específicos e realizar um treinamento para manipulação e
conservação. Não se deve adquiri-las na ótica ou colocá-las nos olhos
sem a avaliação do oftalmologista com o risco de perda permanente da
visão. Lembre-se que avaliar e adaptar uma boa lente de contato em seus
olhos é ato médico.
EXISTE DIFERENÇA ENTRE LENTES RÍGIDAS E GELATINOSAS
VERDADE. As lentes de contato rígidas são feitas de um material duro, que
não se molda a superfície do olho, mantendo o seu formato. São
indicadas para quaisquer pacientes que gostariam de usar lentes de
contato. As lentes de contato rígidas são consideradas as que menos
causam problemas de saúde ocular pelo fato de ter alta permeabilidade de
oxigênio e acumular menos resíduos (ao contrário do que se imagina),
porém, essas lentes incomodam mais nos olhos. As lentes de contato
gelatinosas geralmente causam mais problemas oculares pelo fato da
permeabilidade ser pior com o decorrer do tempo devido ao acúmulo de
resíduos, porém, são muito mais confortáveis do que as duras. Ambas
corrigem graus altos tanto de astigmatismo, miopia ou hipermetropia.
Sobre Dr. Richard Yudi Hida
Dr.
Richard Yudi Hida é um dos maiores cirurgiões oculares reconhecido
mundialmente. Há quase 20 anos, Dr. Richard Yudi Hida atua na área de
oftalmologia clínica e cirúrgica, no tratamento das mais variadas
doenças visuais. O profissional é especializado em oftalmologia pelo
Departamento de Oftalmologia da Santa Casa de São Paulo. Foi Fellow nas 2
melhores Universidades do Japão (Keio University- School of Medicine e
Kyorin University) onde dominou várias áreas da oftalmologia cirúrgica.
Atualmente, é chefe do Setor de Catarata do Departamento de Oftalmologia
da Santa Casa de São Paulo, responsável por cerca de 500 cirurgias por
mês. É também diretor técnico do Banco de Tecidos Oculares da Santa Casa
de Misericórdia de São Paulo, responsável por coordenar a distribuição
de tecidos oculares desta instituição. O profissional ainda é membro da
equipe de Transplante de Córnea da Santa Casa de São Paulo. É médico
voluntário, colaborador e membro do Grupo de Estudo em Superfície Ocular
do Departamento de Oftalmologia da Universidade de São Paulo (USP),
responsável por orientar inúmeras pesquisas internacionais sobre
tratamento e diagnóstico de doenças da superfície ocular.